Ser ou não ser engenheiro.
No Jornal de Negócios de ontem, Baptista Bastos botou palavra, na sua habitual crónica, sobre engenharia - Ser ou não ser engenheiro, titulou ele o seu naco de boa prosa. Não resisto a transcrever um extracto desse texto(sublinhados meus):
«Uma Imprensa catequista tem vindo a crestar José Sócrates em lume brando. Em causa, a licenciatura do homem e a angustiante interrogação: ele é, ou não, engenheiro? A pergunta derramou-se, com lascívia, pelo País. O País, como, aliás, a Imprensa, está pelas ruas da amargura, mas é propenso ao respeitinho e à adulação.
Ser engenheiro, doutor, arquitecto é muito mais importante do que ser competente, eficaz, íntegro e digno. A Imprensa portuguesa devolve a imagem do sítio onde existe: está pejada de doutores, engenheiros e arquitectos, quase todos péssimos jornalistas. E quase todos ascendentes a cargos de directoria, por atalhos amiúde sombrios. Escrevem desamparados de gramática e pouco favoráveis a reflectir sobre os acasos que apadrinham as razões. (...)
Se desconfiamos de Sócrates temos todo o direito de desconfiar daqueles que de ele desconfiam, de modo tão obsidiante. A arfante diligência com que jornais e televisões (não todos, não todas) desancam o homem – dá que pensar. E a vida ensinou-nos que nada acontece por banal prolongamento do acaso. (...)
Estou à vontade: tenho criticado a actuação deste Governo, que me parece não apenas mau: no meu entender, é muito mau. Nada me impede de tentar ver as coisas para lá dos vapores de nevoeiro criados em redor deste assunto. Repugnam-me tanto os ofícios de trevas como as liturgias sacrificiais. (...)
Deplorável a declaração de Marques Mendes, cada vez mais desorientado e confuso. Lamentável a irritação de Pacheco Pereira, cada vez mais vítima de incontrolável egolatria. »
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