quarta-feira, 2 de maio de 2007

E O RESPEITINHO PELA HISTÓRIA?

Meu caro João Tunes: com simpatia escreve que eu deturpei a história neste meu comentário sobre o 1º de Maio de 75. E cita-me: Recordam-se do 1º de Maio de 1975? O PCP, com Álvaro Cunhal à cabeça, apodera-se, no bom estilo estalinista, como quem está à beira de tomar o poder, da manifestação no estádio do INATEL e impede Mário Soares e os socialistas que o acompanham de chegar à tribuna. Não presenciei os factos com estes olhos que a terra há-de comer. Aliás, como escrevi aqui. Não vou, pois, armar-me em defensor de «verdades históricas» porque as »verdades históricas» me arrepiam. Deixo esse papel a outros. Contudo, não posso deixar de sublinhar dois aspectos que sustentam a «não-deturpação» da história sustentada pelo João. O primeiro, quando escreve:« Eu estive lá desde o início, quando se começou a organizar o desfile, e ocorreu junto a mim, então simples manifestante pró-CGTP» (sublinhado meu); o segundo, quando escreve: «os “incidentes” foram um acto conscientemente programados pela direcção do PS de provocar o confronto. E o que aconteceu dentro do Estádio 1º de Maio foi um desfecho, um culminar ou uma consequência, da investida e desacatos dos militantes socialistas, numa acção organizada, durante a organização do desfile» ou «Reconheci um dos chefes da “força de choque socialista”, Pedro Coelho (então dirigente do PS)» (sublinhados meus). Caro João, ao menos não deturpei quanto à existência de incidentes; apenas deturpei quanto aos autores materiais dos ditos. Foi Mário Soares e as suas tropas de choque que entraram pelo estádio do INATEL adentro e, à boa maneira estalinista, provocaram Álvaro Cunhal que pacatamente comemorava o 1º de Maio entre a sua gente – os trabalhadores. Poderia dizer que esta versão é uma visão de um manifestante pró-CGTP . Mas não digo. Apenas digo: assim seja!

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