terça-feira, 22 de maio de 2007

O delator.

Elia Kazan foi um dos maiores directores de cinema e de teatro da história americana. Já na década de 40 se destacou como director do teatro da Broadway. Recebeu dois Óscares de melhor director, foi indicado outras três vezes, e, se houvesse alguma dúvida sobre seu talento para dirigir actores, bastaria lembrar que levou nove deles a ganhar estatuetas. Outros 15 foram nomeados. No entanto, sempre que se fala do realizador de Viva Zapata! fala-se de «o delator». Os Óscares, Leões e Ursos de Ouros que lhe foram atribuídos em festivais de cinema, o último dos quais em 1996, em Berlim, nunca apagaram o facto do cineasta, que durante a sua juventude pertencera ao Partido Comunista, ter denunciado os camaradas do seu ex-partido no Comité de Investigações de Atividades Anti-Americanas, a partir de 1952, para ele próprio salvar a pele e não entrar na lista negra dos estúdios de cinema. Lembrei-me de Kazan – o delator – porque só hoje percebi, através deste texto, que o tal professor que contou uma anedota sobre a licenciatura de José Sócrates, o fez «durante uma conversa com um colega, dentro do seu gabinete». Há aqui, também, nesta história, um delator. E, penso eu, os delatores, são o sustentáculo das prepotências e devem, na mesma medida, ser denunciados. Esta não é uma questão de pequenas lutas de poder entre o PS e o PSD numa Direcção Regional. É uma questão de saúde democrática.

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