Marques Mendes cria grupo para atacar TGV?
O Expresso de hoje, em título de primeira página, dá conta que: «Mendes cria grupo para atacar TGV». Independentemente dos méritos (ou deméritos) do comboio de alta velocidade, da sua necessidade e dos seus percursos, o que está em causa nesta notícia – a ser verdade - é a falta de coerência, a falta de palavra e a falta de memória daqueles que fazem da actividade política profissão. Em 12 de Janeiro de 2004, era Marques Mendes ministro no governo de Durão Barroso, quando este tecia largas loas ao TGV: «Durão Barroso, que falava no Porto, indicou que o projecto permitirá gerar um valor acrescentado bruto de 14.500 milhões e que cerca de 90 por cento será da responsabilidade da indústria portuguesa. Para o primeiro-ministro, o TGV deverá aumentar a quota de mercado do modo ferroviário dos actuais quatro para 26 por cento em 2025 e diminuir os custos ambientais de transportes em mais de dois mil milhões de euros. De acordo com o chefe de Governo, os estudos efectuados apontam também para a criação, pelo projecto, de cerca de 90 mil novos postos de trabalho directos e indirectos.» (Público, 12.01.04). Dois meses antes era notícia: «O primeiro-ministro (Durão Barroso) levantou hoje a ponta do véu sobre este processo e declarou que o comboio de alta velocidade será uma realidade em Portugal mais cedo do que muitos esperavam. O Governo já assumiu que este projecto terá de ser incluído nesta lista de projectos com "arranque prioritário" e que terá um prazo de execução de três anos. A ministra das Finanças, por seu turno, já deu a entender que aprova este empreendimento, que envolverá montantes nunca inferiores a 7500 ou mesmo a dez mil milhões de euros, se não prejudicar o desejado equilíbrio orçamental. (Público, 24.10.03).
Ora, agora, Marques Mendes cria grupo para atacar TGV? O que parece é que Mendes se está borrifando para a localização do aeroporto de Lisboa, seja na Ota, no Poceirão, em Alcochete ou na Portela, como se está borrifando para o TGV, quer vá para Vigo ou Madrid. Ele apenas tem por objectivo impedir tudo o que provoque desenvolvimento económico e emprego. Prejudica o país e os portugueses, mas pode vir a ser primeiro-ministro.