quinta-feira, 14 de junho de 2007

Os «independentes»

Corre por aí, na praça lisboeta, a febre dos «independentes». A temperatura está tão alta que Luís Novaes Tito entende um ou outro comentário aqui produzido acerca das «ideias» de Helena Roseta para Lisboa como «insinuações e tentativas de catalogação dos movimentos independentes como populistas». Isso significa, em primeiro lugar, que temos leituras diferentes sobre «os movimentos independentes de cidadãos». Não considero a candidatura de Helena Roseta à Câmara de Lisboa como uma candidatura «independente», no sentido de corresponder a uma «vitalidade da sociedade civil». Antes pelo contrário. Insere-se nos «movimentos» de dirigentes partidários contra os seus partidos. São movimentos de retaliação e vingança pela perda de espaço político interno. Por razões diversas, obviamente, mas a candidatura de Helena Roseta em nada difere, na sua essência, das candidaturas de Isaltino Morais e de Valentim Loureiro, por exemplo. Em qualquer dos casos, os protagonistas – que sempre estiveram na política através dos partidos – queriam ser candidatos em nome do Partido a que pertenciam. O «partido» não lhes permitiu essa candidatura. E eles partiram para outra, como «independentes». Em segundo lugar, para obter algum sucesso, estas retaliações partidárias mascaradas de «movimento de independentes» usam o populismo como cimento ideológico. Mais concretamente: aproveitam os descontentamentos contra os «políticos» e os partidos. Caricaturando: «eu não sou político, sou independente». Foi por esta porta que, em muitos casos, se derrubaram democracias. Não é o nosso caso, naturalmente. Sobre este assunto deve ser lido o texto de Pedro Magalhães, publicado no Público, de 11 de Junho, com o título «Independentes».

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