Conquilhas ao natural.
Uma parte considerável das pesquisas no Google «empurradas» para este blog procura o modo de cozinhar conquilhas. É normal, sobretudo nesta altura do ano: meio Portugal anda a «patetar » no Algarve, sobretudo na zona de Sotavento (no Barlavento já não há conquilhas), de pé na areia, em semicírculos, e a dar à anca, a apanhar o saboroso bivalve. E, depois, pelos vistos, não sabe bem o que fazer. Chegam aqui (em férias? Na praia? Na Internet? Só pode ser o plano tecnológico) e, em vez da esperada receita, apanham com o Alegre a botar palavra ou com a revolução de Outubro na Festa do Avante. Se tiverem sorte sai-lhes um nu feminino de Velasquez ou de Lucian Freud. É, no mínimo, falta de respeito. Para não desiludir quem cá chega acalorado e desprevenido, com as conquilhas num saco de plástico, e sem saber o que fazer, aqui vai a receita de Conquilhas abertas ao natural: deixe as conquilhas em água do mar (ou água da torneira com um pouco de sal) – a diferença é muita, mas há quem não dê por isso – durante, pelo menos, um hora. Fica com a garantia de que não vai mastigar areia durante o banquete. Numa frigideira, em lume forte, deite azeite, muitos dentes de alho esmagados e um generoso ramo de coentros. Quando os alhos começarem a alourar, deite as conquilhas e coloque uma tampa sobre a frigideira. Dê-lhes a volta uma ou duas vezes (Dar a volta é muito simples neste país). Quando estiverem todas abertas - as conquilhas -, ainda ao lume, regue com sumo de limão. Sirva-se de imediato com muita cerveja. Não se esqueça do pão: o molho é delicioso. (Bom, não vale a pena acrescentar que as ditas conquilhas acompanhadas com xerém (papas de milho, dizia a minha mãe) transformam-se em algo transcendental. Mas não tenho agora tempo para vos dar a receita. Já que estão na Internet procurem-na. Bom apetite.
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