Eleições viciadas?
João Ramos de Almeida, jornalista, publicou recentemente Eleições Viciadas? - O frágil destino dos votos, autárquicas de 2001 em Lisboa. Com prefácio de André Freire («Este livro é extremamente importante porque revela que os processos eleitorais no Portugal democrático são estruturalmente permeáveis a distorções.»), o livro constitui um alerta, em geral, sobre a contagem de votos e o seu «transporte» até ao Governo Civil, nos actos eleitorais; e, sobretudo, uma denuncia fundamentada das irregularidades eleitorais nas eleições de Dezembro de 2001, em Lisboa. Na introdução, o autor deixa claro o que vai demonstrar ao longo do livro: «Suspeitas de fraude eleitoral têm pairado ao longo dos anos sem uma conclusão. A investigação do Ministério Público produziu 14 volumes e, de acordo com o processo, os indícios revelaram-se fundamentados. (…) Os resultados anunciados pelas entidades oficiais na noite das eleições não coincidiram com os valores constantes nas actas das secções de voto. Alguém, algures entre o apuramento nas freguesias e a comunicação ao Governo Civil, alterou os resultados eleitorais de 27 das 53 freguesias do concelho.» Recheado de factos e de quadros demonstrativos das irregularidades – ou, nas palavras do autor, da fraude eleitoral -, a investigação vale bem uma leitura atenta, pelo menos, agora, para suscitar uma reflexão. Como escreve João Ramos de Almeida: «O resultado final pode inquietar qualquer cidadão que acredite na democracia e que provavelmente nunca se questionou sobre o que efectivamente acontece ao seu voto».