O desassossego do homem que um dia pensou ser primeiro-ministro.
A Câmara de Lisboa é, para Marques Mendes, um calvário que verdadeiramente só vai começar na noite de 15 de Julho. Marques Mendes foi exigindo a Carmona Rodrigues a suspensão do mandato dos vereadores que, em Lisboa, iam sendo constituídos arguidos, mas não pensou na queda do executivo; quando o próprio presidente da Câmara foi constituído arguido, Marques Mendes, enleado na sua própria teia, «destituiu» Carmona Rodrigues em conferência de imprensa, mas não pensou que este podia recusar a «destituição», tal como aconteceu; ao «destituir» Carmona Rodrigues também não pensou que, nesse momento, já tinha que ter um candidato ao cargo de presidente da Câmara; dias depois de «destituir» Carmona, quis, então, escolher um candidato ao cargo, mas não pensou que, um atrás do outro, lhe recusassem o convite; sempre procurou manobrar a Câmara de Lisboa a partir da sombra da R. de São Caetano, porque pensou que não se molhava. Mas aqui - quando pensou- pensou mal: vai ser a principal vitima das eleições intercalares de Lisboa. E nem a hipótese de Fernando Negrão - o «duplo» que escolheu para as cenas perigosas - ficar à frente de Carmona o livra da derrota anunciada.