||| Público e privado.
A propósito deste post, porque suscitou alguns reparos enviados por e-mail, é devido um esclarecimento e uma declaração de interesses. O esclarecimento: o que está em causa é o facto de, só por si, alguém que exerce, ou exerceu, um cargo dirigente no sector privado ser, sem mais, alvo de censura política ao ser nomeado para um cargo público. Deixar passar isto em claro é, em primeiro lugar, condescender com a ideia de que a «pessoa» que exerceu um cargo privado está «contaminado», sem apelo, nem agravo, por interesses privados que se opõem ao interesse público. Em consequência, transportará sempre o «vírus» da prevalência do interesse privado sobre o interesse público ou, no mínimo, está latente um conflito de interesses, o que não é verdade (o Director Geral de Imposto que agora termina as suas funções é um exemplo, entre muitos outros); em segundo lugar, esta barreira, cujos fundamentos resvalam da esfera ideológica e não da ética, impede a Administração Pública de «entender» outras dinâmicas. Para além de tudo, não está provado (antes pelo contrário) que os «profissionais» do interesse público o sirvam melhor que os «outros«. A declaração de interesses: não tenho em vista exercer nenhum cargo público, mas tão só não aceitar uma cultura que, invariavelmente, conduz ao Estado totalitário. E, aí, está demonstrado, o interesse «público» não está ao serviço dos cidadãos, mas de uma nomenclatura - os «profissionais do interesse público».