||| Histórias da República [2]
«O Primeiro de Janeiro não voltou a vir, mas vieram jornais de Lisboa até 29, dando conta da tentativa de Monsanto e da maneira por que foi sufocada, graças a um esforço popular que resgata Lisboa das torpezas públicas que assinalaram a ditadura de Sidónio Pais. A tentativa reunia todas as condições de êxito, pois os monárquicos entrincheiraram-se numa posição aparentemente inexpugnável e tinham consigo um número de forças muito maior do que aquele que Sidónio Pais conseguiu reunir em 5 de Dezembro.
Entretanto a situação política da República, depois da vitória alcançada sobre os monárquicos de Monsanto, começaria já a assinalar-se por essa série de ilogismos e anomalias, que frustraram a revolução de 14 de Maio e que fizeram com que a República caísse de novo na mão dos reaccionários.
A consequência lógica da vitória republicana de Lisboa deveria ser o restabelecimento da situação constitucional anterior a 5 de Dezembro, portanto, a demissão, ou deposição do chefe do Estado eleito por um parlamento saído da ditadura Sidónio Pais e a dissolução deste parlamento.
Nada disto se passou e assim, a República triunfante continua, por assim dizer, a ser governada por Sidónio Pais, morto.»
Diário de João Chagas, 3 de Fevereiro de 1919.