quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Notas soltas.

1 – Vamos ouvir falar até ao fim do ano em «democracia participativa» a propósito de uma proposta recentemente aprovada pelo executivo municipal de Lisboa sobre o «orçamento participativo». A participação dos cidadãos no dia a dia na vida política, em princípio, enriquece a democracia. O problema é quando se utiliza esta bandeira com o objectivo de transferir para uma minoria de activistas as decisões que competem aos representantes legitimamente eleitos. Na nossa história recente temos memória de um exemplo de antologia sobre democracia representativa versus democracia participativa: o período entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Abril de 1975. A «democracia participativa» que avassalava empresas, cooperativas, sindicatos, forças armadas, aparelho judicial, comissões de trabalhadores e de moradores e vida política em geral não correspondia ao sentir dos portugueses que, nas primeiras eleições, a 25 de Abril de 75, rejeitaram a «democracia participativa» que Cunhal designara, então, como «processo revolucionário em curso». Porque temos memória, estamos atentos.
2 - Manuel Villaverde Cabral, em entrevista ao Semanário Económico, sugere que “É importante fazer um partido a partir de Belém». A «ideia» da criação de um novo partido à direita sob a tutela de Cavaco Silva é, apenas, mais uma acha para a fogueira em que o PSD arde lentamente. É um oportuno lembrete para a incapacidade de Marques Mendes.