Relembro o que escrevi aqui há algum tempo: sobre a intervenção militar americana no Iraque, hoje, não há duas opiniões; há apenas aqueles que tiveram razão e os que não querem admitir que se enganaram. Acrescento: mas estes são cada vez menos. Hoje, foi dado eco a um relatório dos serviços secretos norte-americanos que conclui que a guerra no Iraque aumentou a ameaça terrorista. A desmontagem da aventura norte-americana a que muitas vozes lusas se associaram está concluida. Primeiro, comprovou-se a inexistência de armas de destruição maciça, em nome das quais a invasão se justificava. Por cá, as vozes carregadas de argumentos falaciosos, desastrados e patéticos que secundaram as “teses” vindas do outro lado do Atlântico, ficaram em silêncio, uns; ou disseram que, apesar de tudo, a invasão tinha valido a pena porque constituía uma derrota da Al-Qaeda e do terrorismo internacional, outros. Mais tarde, o próprio Senado norte-americano chegou à conclusão de que o antigo regime iraquiano não tinha qualquer ligação à Al-Qaeda. Novo balde de água fria sobre os senhores da guerra. Mas, mesmo assim, por cá, poucos se atreveram a admitir o logro em que caíram. Agora, este relatório enterra definitivamente as vozes dos senhores da guerra: a invasão do Iraque aumentou a ameaça terrorista. A última réstia que resta é o argumento da democracia exportada através dos mísseis para o Iraque. Mas há alguém de bom senso que tenha coragem de falar em democracia no Iraque? Por fim, a desmontagem da aventura da Administração Bush foi feita a partir dos Estados Unidos – do Senado, dos serviços secretos, da comunicação social. Este facto tem dois significados: primeiro, permitiu que a desmontagem não fosse rotulada de “teoria da conspiração”; segundo, demonstra que a Democracia nos Estados Unidos é tão forte que resiste a um personagem como o anedótico senhor Bush.
domingo, 24 de setembro de 2006
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