História de um enforcamento anunciado.
sexta-feira, 29 de dezembro de 2006
O dia de hoje tem sido fértil em informação e contra-informação sobre o enforcamento Saddam Hussein. A CNN dava como certa a execução do ex-presidente do Iraque este fim-de-semana. Pouco depois, o Ministério da Justiça iraquiano desmentia a CNN, declarando que o ditador não seria executado antes de 26 de Janeiro. Mais tarde, um juiz autorizado a assistir ao enforcamento disse que tal acto se realizaria o mais tardar amanhã. Há poucos minutos, uma fonte oficial do Governo iraniano confirmou que o primeiro-ministro, Nuri al-Maliki, já assinou a ordem da sentença de morte. Os advogados de Saddam dizem que os Estados Unidos já o entregaram à custódia do governo iraniano, enquanto o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Tom Casey, corrigiu que “não houve alterações no estatuto” de Saddam e que este continua sob o controlo dos Estados Unidos.
Dentro deste filme, uma coisa é certa - Bush está entalado (em boa verdade, quem está entalado é Saddam, o Bush volta para o seu rancho e para as suas empresas de armamento): não enforca o ditador (poucos têm dúvidas que a decisão “judicial” saiu de Washington) e corre o risco dos Estados Unidos serem humilhados com o regresso ao poder de Saddam após a retirada militar; ou enforca-o, e corre o risco de criar um mártir. Os conselheiros de Bush inclinaram-se para esta última hipótese como a menos dolorosa. Nos últimos dias decidiram que a execução devia ser imediata para não deixar criar um movimento internacional anti-execução, com a União Europeia à cabeça. Aguarda-se, pois, a todo o momento, a notícia de um enforcamento ao nascer do sol decidido pelo país invasor, repetindo outras páginas negras da história da humanidade.
(na foto: Donald Rumsfeld e Saddam: tão amigos que eles eram).
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