terça-feira, 19 de junho de 2007

Aeroportos (2).

A atitude do governo em admitir à discussão, antes da decisão final, o estudo de opções alternativas à Ota – Alcochete e Portela+1 – tem provocado reacções que me levam a crer que muitos dos opositores à localização do aeroporto na Ota não são opositores à Ota, mas apenas opositores ao governo. Ou seja, tanto se lhes dá que o aeroporto seja na Ota, no Poceirão, em Alcochete ou na Portela. A localização para eles não é relevante. Relevante é o desgaste da imagem do governo até à decisão final. Antes criticavam – e bem – o governo pela obstinada opção pela Ota; mas, agora, criticam-no pelo «forma» como conduziu à admissão dos novos estudos. Andam sedentos de declarações e de cronologias para poderem avaliar a «transparência» do processo que levou à admissão dos novos estudos. Ora, o substancial é a decisão sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa. O resto é festa e foguetes. E, neste momento, estão finalmente reunidas as condições para que se decida bem sobre esta questão, depois de 30 anos de estudos e indecisões. Pelo andar da carruagem, se o governo se decidir, daqui a 6 meses, por Alcochete ou pela Portela+1, não haverá aplausos pelo abandono da Ota, mas um coro afinado que se repartirá por duas bancadas: numa, gritam – «Eu tinha razão»; na outra, gritam - «E agora, como eu que eu sei que esta é a melhor opção». Como diria Almada-Negreiros: «O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem, portugueses, só vos faltam as qualidades»