terça-feira, 31 de julho de 2007

Gostei de ler.

O ónus da prova. Do Francisco José Viegas (A Origem das Espécies).
A Inquisidora Mor. De Filipe Melo Sousa (Small Brother).
Sócrates como Cavaco vinte anos depois. Do Pedro Correia (Corta-fitas).

Quem paga a «confiança política»?

Num dia em que acordou «mal disposto», Bagão Félix, ministro no Governo de Durão Barroso, despediu 18 directores distritais da segurança social através de fax. Provavelmente, os ditos directores não mereciam a «confiança política» do governo ou, quem sabe, as mandíbulas da marabunta que enxameia os aparelhos partidários do PSD e do CDS (neste caso) devem ter exigido «sangue» e o ministro não se fez rogado. Agora, o Tribunal, em última instância, decidiu que o Estado deve pagar um milhão de euros de indemnizações aos despedidos. Estes assaltos não terão termo enquanto não se restringir os lugares de «confiança política» na Administração Pública. Ou, pelo menos, se os lugares em causa são de «confiança política», é obvio que devem cessar como a queda do governo que os nomeou. Este meio-termo reinante entre estatuto de dirigente da “Função Pública” e «confiança política» é um pântano com o sabor das velhas ditaduras sul-americanas.

A doença infantil da direita «pós-moderna».

A direita «pós-moderna”, com alguns representantes na blogosfera, furibunda com a «esquerda» e desiludida com a «direita”, encetou uma cruzada «anti-sistema». Mas perdeu-se pelo caminho. Desorientou-se e, por incapacidade de pensar o futuro, caiu no raciocínio simplista: se o «sistema» é democrático é na atitude anti-democrática que está a virtude, a fuga. E como «sistema» anti-democrático só conhece o que está para trás, anseia pelo regresso ao passado: um passado morto e enterrado, desde a «alma lusa» do contabilista de Santa Comba Dão à pátria derramada nas glórias «ultramarinas». Falta-lhe a lucidez (e o substrato liberal) de saber nadar contra a corrente. Não tem solução: vai morrer afogada.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Ler jornais é saber mais...

Treinador de sofá.

Ontem à noite vi o jogo do Benfica, sem som, num restaurante. O Benfica jogou bem e ganhou. O adversário, equipado de cor de rosa, não jogou nada. Mereceu perder. Desculpou-se com o calor, mas quem tem culpa dos 40º graus que estão em Lisboa?

Férias?

O Canhoto deixou de fazer prova de vida.

Bons títulos, boa imprensa.

A oposição: «Os sindicatos da Função Pública manifestaram, esta segunda-feira, a sua oposição à intenção já anunciada do Governo de reduzir para apenas três as quase 1500 carreiras existentes na Administração do Estado.» (Dos jornais)

O pecado original.

Luís Coimbra, administrador do INAC, em entrevista ao Diário Económico de hoje, recorda que: a) Foi o Engenheiro Viana Baptista, Ministro dos Transportes da AD que, em 1982, apareceu, pela primeira vez, pela mão da empresa norte-americana TAMS, com a Ota como solução para o novo aeroporto de Lisboa; b) nos últimos trinta anos, nenhum estudo de localização considerou Alcochete como solução porque estava excluído à partida dada a irredutibilidade dos militares em retirar dali o campo de tiro. c) Se o Ministério da Defesa prescindir do campo de tiro...

Prenda de Natal.

As peças estão todas a encaixar como num puzzle. A deslizarem, uma de cada vez e sem alarido. Lá para o Natal, Alcochete é a prenda no sapatinho.

domingo, 29 de julho de 2007

Finalmente...

O PS-Madeira percebeu qual deve ser o tom do dircurso político.

Ler os outros.

«A maior parte da nova geração de políticos, até aos 55 anos, que singraram no pós 25 de Abril, são figuras públicas geradas apenas pela sua actividade partidária. Não se lhes conhece obra própria, um destino individual e, por isso, a sua disponibilidade para a política não tem o mérito de uma dedicação a uma causa com prejuízo de carreiras pessoais porque traduz apenas o seu apego àquilo de que dependem para sobreviver e para terem o reconhecimento dos outros.»
João Luís Ferreira (Geração de 60)

sábado, 28 de julho de 2007

Citação.

Excertos de O manifesto de Alegre, 28.07.2007, Vasco Pulido Valente. Sublinhados meus.
«pensando na sua candidatura à Presidência e agora na candidatura de Roseta à Câmara de Lisboa, previne (ou prevê) que chegará o dia em que "os cidadãos punam e corrijam" o "afunilamento" dos partidos. Parece que a lição do MIC (o seu ridículo Movimento de Intervenção e Cidadania) não lhe serviu de nada. Não basta ganhar votos que no dia seguinte já são uma memória. Se os votos representam uma vontade e uma ideia (no caso de Alegre e de Roseta, um ponto duvidoso), é preciso uma organização, que os junte, que os solidifique e que pouco a pouco os transforme em acção, ou seja, um partido. E com o tempo um partido acabará como o PS (ou CDS ou o Bloco). A aspiração de Alegre a uma liberdade mítica e a uma espécie de governo do povo pelo povo é à superfície um bom sentimento. Mas de facto é uma recusa da modernidade e levou sempre à impotência ou à tirania. »

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Sinais?

O general venezuelano Raúl Baduel é um dos mais importantes militares da «revolução boliviana». Está com Chávez desde o falhado golpe militar de 4 de Fevereiro de 1992, apesar de não ter alinhado nessa aventura golpista. Depois da chegada de Chávez à presidência, Raúl Baduel ocupou todos os cargos de topo da hierarquia militar e no governo foi Ministro da Defesa até 18 de Julho último. Reformou-se, mas no discurso de entrega do ministério ao seu sucessor, na presença de Chávez, disse coisas tão simples como: «Debemos inventar el socialismo del nuevo siglo, pero no de una forma caótica y desordenada... Antes de redistribuir la riqueza, debemos crearla. No podemos redistribuir lo que no tenemos», ou « Debe estar claro que un sistema socialista de producción no es incompatible con un sistema político profundamente demócrata, con controles y separación de poderes. (...) Deberíamos apartarnos de la ortodoxia marxista que considera que la democracia con división de poderes es solamente un instrumento de dominación burguesa» ou ainda: «No se pueden implantar cambios bruscos en el sistema económico, es decir abolición a rajatabla de la propiedad privada y la socialización brutal de los medios de producción, sin que esto repercuta negativamente en la producción de bienes y servicios y sin que concomitantemente se genere un descontento generalizado en la población». . O discurso provocou uma polémica nacional, ainda em curso, sobre o destino da revolução venezuelana. Os chavistas radicais já chamam «traidor» a Baduel, mas este, apesar de se ter retirado, ainda representa alguma coisa nos meios militares. Aliás, foi Baduel que em 2002 salvou Chávez de ser corrido do poder quando ameaçou avançar com as suas tropas sobre Caracas. O que há a reter é que foi um general prestigiado do chavismo e um dos mais intímos de Chávez a criticar o actual rumo da Venezuela e a dar voz ao descontentamento.

Conquilhas ao natural.

Uma parte considerável das pesquisas no Google «empurradas» para este blog procura o modo de cozinhar conquilhas. É normal, sobretudo nesta altura do ano: meio Portugal anda a «patetar » no Algarve, sobretudo na zona de Sotavento (no Barlavento já não há conquilhas), de pé na areia, em semicírculos, e a dar à anca, a apanhar o saboroso bivalve. E, depois, pelos vistos, não sabe bem o que fazer. Chegam aqui (em férias? Na praia? Na Internet? Só pode ser o plano tecnológico) e, em vez da esperada receita, apanham com o Alegre a botar palavra ou com a revolução de Outubro na Festa do Avante. Se tiverem sorte sai-lhes um nu feminino de Velasquez ou de Lucian Freud. É, no mínimo, falta de respeito. Para não desiludir quem cá chega acalorado e desprevenido, com as conquilhas num saco de plástico, e sem saber o que fazer, aqui vai a receita de Conquilhas abertas ao natural: deixe as conquilhas em água do mar (ou água da torneira com um pouco de sal) – a diferença é muita, mas há quem não dê por isso – durante, pelo menos, um hora. Fica com a garantia de que não vai mastigar areia durante o banquete. Numa frigideira, em lume forte, deite azeite, muitos dentes de alho esmagados e um generoso ramo de coentros. Quando os alhos começarem a alourar, deite as conquilhas e coloque uma tampa sobre a frigideira. Dê-lhes a volta uma ou duas vezes (Dar a volta é muito simples neste país). Quando estiverem todas abertas - as conquilhas -, ainda ao lume, regue com sumo de limão. Sirva-se de imediato com muita cerveja. Não se esqueça do pão: o molho é delicioso. (Bom, não vale a pena acrescentar que as ditas conquilhas acompanhadas com xerém (papas de milho, dizia a minha mãe) transformam-se em algo transcendental. Mas não tenho agora tempo para vos dar a receita. Já que estão na Internet procurem-na. Bom apetite.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Novos partidos, velhas receitas.

Hoje, depois dos resultados eleitorais de Lisboa, começa-se a falar na formação de novos partidos. Mas isso já estava escrito nas estrelas. Escrevi, aqui, logo em cima das eleições presidenciais de 2006 «Nos próximos tempos vamos ter um “movimento” alegrista como um balão de ensaio. Se esvaziar, tudo não passou de um sonho escondido atrás da “cidadania”; se encher, então, mandam às urtigas a “cidadania” e lá vem um novo partido.» Ao longo deste ano e meio, por diversas vezes, chamei a atenção para esse fenómeno político. Ainda antes das eleições de Lisboa escrevi: «Um bom resultado eleitoral de Helena Roseta em Lisboa (qualquer coisa entre os 10 e os 15 por cento), depois do resultado de Manuel Alegre nas presidenciais, vai levar à reflexão, por aquelas bandas, sobre as legislativas de 2009. Como nessas eleições os «independentes» ficam de fora, o tal MIC de Manuel Alegre pode, finalmente, encarar a hipótese de se constituir em partido político e concorrer às legislativas.». Aliás, todo o comportamento de Roseta, quer na campanha, quer depois, e sobretudo durante o próximo ano e meio, será pautado por esse objectivo.
Agora, para os «estrategas» do novo partido, existe uma dificuldade: o calendário eleitoral. Em 2009, provavelmente as europeias e as autárquicas serão em Junho e as legislativas em Outubro. Caso assim seja, o alegrismo terá que decidir se vai já como partido às autárquicas e, se aí esvaziar, é quase um nado-morto nas legislativas ou, se quer passar ainda o teste das autárquicas, para tomar o pulso ao eleitorado, fica quase sem tempo para preparar as legislativas. Estes dois próximos anos vão ser muito mais animados, políticamente falando, do que os últimos dez. E, ainda falta falar de Santana Lopes, sobretudo agora que Paulo Portas se «suicidou». Nestas coisas de «meteorologia» não há nada que enganar: venha a tempestade de onde vier, aparece sempre um anti-ciclone ao largo dos Açores. Mas, às vezes...

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Quinquilharias.

Depois do Apito Dourado ter parido um rato e duas gémeas, o senhor Procurador-geral da República, como «prémio», atirou «a magistrada Maria José Morgado» para outra «montanha»: a Câmara Municpal de Lisboa. Fernando Pinto Monteiro achou que o «procurador» Sá Fernandes não dava conta do recado, sobretudo agora que o bloquista, tudo indica, vai «gerir» um pelouro municipal. A senhora magistrada já tem idade para saber que só lhe dão quinquilharias.

Denúncia (tipo delator).

O clube dos aprendizes de poetas (cada quadra dez tostões) almoça todos os dias no Pão de Canela, a partir da uma da tarde, na Praça das Flores. Não tem lugar à mesa quem não fale em verso, incluindo o pedido do prato (tipo: «quero o prato do dia/ e na ementa faço fé/ por isso eu queria/ o frango de fricassé» ou de quem esteja de acordo com a «situação».

Ler os outros.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mas a democracia resiste.

Meu caro Carlos Manuel Castro: não estou, na maior parte dos casos, em sintonia com Manuel Alegre e, muito menos, com Helena Roseta. Alegre representa a velha esquerda passadista, a imutável voz de Argel, que ainda viaja num comboio imaginário, sem destino, nem «elasticidade» para acompanhar os tempos e desprender-se do passado. Roseta é o oposto: o seu passado político é outro, como todos sabem, e vai moldando o discurso, quase sempre vazio, ao sabor do vento, como convém a quem tem uma necessidade genética em manter-se na ribalta política e gerir a sua carreira. É uma populista por natureza: foi com Sá Carneiro e é hoje como «independente», como foi ontem no PS e, amanhã, quem sabe, no Bloco de Esquerda ou num «novo» partido. Mas, contudo, há princípios basilares que sustentam as democracias. E, esses, não podem ser beliscados. Nem ontem, nem hoje. Nem no tempo da pedra lascada, nem no tempo dos computadores de última geração. Mais: a sua violação tem sempre as mesmas raízes, venham do Santo Ofício ou do Estado Novo, dos Processos de Moscovo ou do «camarada» Chávez. E, aqui, nesta questão essencial, eu sou solidário, à direita e à esquerda, com a defesa da democracia. É uma questão de princípio. Não se pode assobiar para o ar e condescender com delatores e quejando ou com pessoas que não destoariam no tempo da «outra senhora». Só pára no tempo quem perdeu de vista o essencial.

Citações.

Excertos de Contra o medo, liberdade de Manuel Alegre, Público, 25.07.2007. Sublinhados meus.
«Não posso ficar calado perante alguns casos ultimamente vindos a público. Casos pontuais, dir-se-á. Mas que têm em comum a delação e a confusão entre lealdade e subserviência. Casos pontuais que, entretanto, começam a repetir-se. Não por acaso ou coincidência. Mas porque há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa história, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE. Casos pontuais em si mesmos inquietantes. E em que é tão condenável a denúncia como a conivência perante ela. Não vivemos em ditadura, nem sequer é legítimo falar de deriva autoritária. As instituições democráticas funcionam. Então porquê a sensação de que nem sempre convém dizer o que se pensa? Porquê o medo? De quem e de quê? Talvez os fantasmas estejam na própria sociedade e sejam fruto da inexistência de uma cultura de liberdade individual. (…) Quem se cala perante a delação e o abuso está a inculcar o medo. Está a mutilar a sua liberdade e a ameaçar a liberdade dos outros. Ora isso é o que nunca pode acontecer em democracia. E muito menos num partido como o PS, que sempre foi um partido de homens e mulheres livres, "o partido sem medo", como era designado em 1975. Um partido que nasceu na luta contra a ditadura e que, depois do 25 de Abril, não permitiu que os perseguidos se transformassem em perseguidores, mostrando ao mundo que era possível passar de uma ditadura para a democracia sem cair noutra ditadura de sinal contrário. (…)O que não merece palmas é um certo estilo parecido com o que o PS criticou noutras maiorias. Nem a capacidade de decisão erigida num fim em si mesma, quase como uma ideologia. A tradição governamentalista continua a imperar em Portugal. Quando um partido vai para o Governo, este passa a mandar no partido, que, pouco a pouco, deixa de ter e manifestar opiniões próprias. A crítica é olhada com suspeita, o seguidismo transformado em virtude. Admito que a porta é estreita e que, nas circunstâncias actuais, as alternativas não são fáceis. Mas há uma questão em relação à qual o PS jamais poderá tergiversar: essa questão é a liberdade. E quem diz liberdade diz liberdades. Liberdade de informação, liberdade de expressão, liberdade de crítica, liberdade que, segundo um clássico, é sempre a liberdade de pensar de maneira diferente. Qualquer deriva nesta matéria seria para o PS um verdadeiro suicídio. (…)Por isso, como em tempo de outros temores escreveu Mário Cesariny: "Entre nós e as palavras, o nosso dever falar." Agora e sempre contra o medo, pela liberdade. »

terça-feira, 24 de julho de 2007

Atirar pedras e perder oportunidades*.

Quem nunca contou uma anedota «ofensiva», chamou um nome «feio» ou desabafou um dito «agressivo» contra a Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro, que atire a primeira pedra a Charrua. Quem não se indigna com o «perfil» de pessoas como a senhora directora da DREN, sobejamente comprovado numa entrevista ao DN, hoje, perde, desde já, a oportunidade de se indignar amanhã com o PSD no governo.
(Adenda: O pior de tudo são aqueles que só se «indignam» quando lhes convém. Conheço alguns jornalistas «saneados» por delito de opinião no DN em 1975 que aindam estão indignados.) (*resposta a um e-mail recebido)

Meteorologia.

O Tamisa está a protestar pela saída de Tony Blair. Neste momento, não há outra explicação.

A verdade é que ....

A senhora ministra da Educação «drenou» o «caso Charrua», mas faltou «charruar» a senhora da DREN.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Detesto candidatos únicos.

Finalmente, Luís Filipe Menezes decidiu-se. É candidato a presidente do PSD e adversário de Marques Mendes nas eleições internas marcadas para 28 de Setembro, data que apela às «maiorias silênciosas». Vamos ver para que lado é que «elas» (as maiorias silênciosas) caem. Para já, na SIC Notícias, Menezes abre o leque «ideológico», evocando a história do PSD: conservador, liberal, de centro esquerda e, ao mesmo tempo, dá uma perpectiva de poder, em 2009, aos militantes. Vamos ver como acaba este combate político.

Direitos de autor (2).

Há quem queira chamar ao futuro Tratado Europeu, caso seja aprovado pelos 27 durante a presidência portuguesa – o que não é certo – Tratado de Lisboa. O senhor José Manual Barroso, mais conhecido pelo fugitivo, quer chamar-lhe, vejam só, Tratado de Sintra. Para mim, não tenho dúvidas, aprovado agora ou mais tarde, será sempre o Tratado Merkel. Ponto Final.

Direitos de autor.

Na semana passada, antes do Conselho Nacional do CDS-PP, um ex-dirigente da direcção de Ribeiro e Castro, disse: «Vamos deixar Portas enterrar-se até ao fundo». Nesta matéria, no PSD, a oposição ao líder já não pode repetir a frase sem pagar direitos de autor.

Memórias (ou falta delas).

Faz hoje 31 anos que tomou posse o I Governo Constitucional. O Público lembrou-se da efeméride. O jornalista que legendou a fotografia não esteve no local, mas Medeiros Ferreira estava lá.

Sala-de-espera.

Francisco José Viegas acha que com paninhos quentes o PSD não vai lá. E detesta salas-de-espera.

domingo, 22 de julho de 2007

Momentos em tempo real, usando a demagogia como janela.

O pessoal trabalha o ano todo. E, em consequência, tem direito a férias. Uma minudência. Aproveita esse pouco tempo para retemperar energias onde bem lhe dá na gana, onde lhe permite a bolsa, onde há sol e mar, na maior parte dos casos. Vai para o Algarve, para o Brasil, para Cuba, como vai para o Minho ou para o Alentejo. Vai para onde quer e lhe apetece. E não precisa que, por isso, lhe chamem pateta porque não fica, de pedra e cal, em frente ao palácio de S. Bento a clamar pelo regresso do PSD ao governo. A democracia e o individualismo são difícil de interiorizar.
(imagem: Julho, Algarve, entre Cabanas de Tavira e Cacela Velha).

Quotas: uma observação.

Caro Paulo Gorjão: não vale a pena tapar o Sol com uma peneira. Marques Mendes quer evitar surpresas «fixando» o universo eleitoral com antecedência. Pela minha parte, no meu partido, habituei-me, desde há muitos anos, a pagar as quotas no dia de eleições internas. Entro na minha secção, no Bairro Alto, numa mesa pago as quotas - dois ou três anos em atraso - e depois dirijo-me à mesa onde exerço o meu direito de voto apresentando os talões comprovativos do pagamento das quotas. Os cadernos eleitorais têm inscritos todos os militantes do partido. No momento da votação é feita a prova de que as quotas estão em dia. É muito dificil exercer a democracia?

Com atraso, agradeço à Cristina - umas mãos largas - os «momentUS de Excelência» que me endereçou.

Cenas de faca e alguidar.

As manas Salgado – Carolina e Ana – estão desavindas por causa do futebol. Uma torce para um lado; outra torce para outro. As cenas familiares de faca e alguidar sucedem-se, umas atrás das outras. Não sei bem é o que faz a procuradora Maria José Morgado neste filme.

Conversões.

Pedro Correia cita o Evangelho tão a propósito que ainda corre o risco de ser responsável pela conversão de Paulo Portas à democracia-cristã.

sábado, 21 de julho de 2007

Ler os outros.

João Gonçalves lembra a VIDA E MORTE DOS "NOVOS PARTIDOS" desde 1974.

Cristina Vieira dá conta de como anda a liberdade de expressão na vizinha Espanha: puta madre!

Joana Lopes recorda Há 32 anos, na Fonte Luminosa, num dia em que a a história passou por alí.
Porfírio Silva não deixa passar nada: Às armas, ou "de cócoras, companheiros, que a posição dá jeito".
Tiago Barbosa Ribeiro escreve sobre LIBERDADE DE EXPRESSÃO? na Venezuela e chavistas portugueses.

Viriato Teles, finalmente, colocou o seu site on line.

Coligações.

O Expresso de hoje deixa no ar a hipótese de António Costa conseguir uma «maioria» no executivo municipal com Helena Roseta e Sá Fernandes. Penso que, se esse acordo vier a concretizar-se, Helena Roseta só aceita para, dentro de pouco tempo, poder romper o acordo com estrondo, e vitimando-se. Quanto a Sá Fernandes, a quem seria atribuído o Pelouro dos Espaços Verdes, é bom saber que, finalmente, vai ter a oportunidade de mostrar que sabe fazer qualquer coisa. Temo que, pelas características pessoais da personagem, não consiga fazer nada e ainda corra para a Judiciária apresentar queixa-crime contra os empreiteiros que ele próprio vai contratar ou, quem sabe, contra ele próprio. Estes dois anos de gestão municipal prometem…

Telhados de vidro?

Vítor Dias (o tempo das cerejas) exige um pouco mais de rigor a Mega Ferreira, porque este, em artigo publicado na Visão, se interroga «por que razão a CDU perdeu quase metade dos votos e dois pontos percentuais em relação às autárquicas de 2005». Vítor Dias explica, em resposta, que «não se pode considerar «perda de votos» aquela que resulta de um significativo aumento da abstenção». É verdade. Mas por ser verdade, seria honesto da parte de Vítor Dias criticar da mesma forma o comunicado da Comissão Política do CC do PCP, onde se lê: «a votação do PS e de António Costa constitui, sem dúvida, quando comparada com o resultado obtido pelo PS nas legislativas de 2005 (42,5 por cento), uma significativa redução da base de apoio do PS e uma condenação da política de direita do actual Governo.» Aqui, Vítor Dias já não tem problemas em que se compare duas eleições diferentes – legislativas e autárquicas – com níveis de abstenção diferentes e, nas legislativas, sem candidaturas «independentes». Portanto, comparar tudo o que não é comparável. Porque se trata da posição do PCP, Vítor Dias admite todas as comparações sem exigir rigor. (Em nota de rodapé, uma pergunta relacionada com rigor: Jerónimo de Sousa disse que «O resultado do PS confirma uma reduzida credibilidade política.» Ora, se 30% corresponde a uma reduzida credibilidade política, 10 % corresponde a quê?). A telhados de vidro?
(Imagem: acrílico sobre tela de Ricardo Paula. O gesto é apenas uma expressão, não uma ofensa.)

Citação.

Excerto de Um novo partido? de Vasco Pulido Valente, Público, 21.07.2007. Sublinhados meus.

«A direita anda excitada (e deprimida) com a primeira maioria absoluta do PS desde o "25 de Abril". Já não se lembra com certeza que o PS aturou duas maiorias de Cavaco e que, nessa altura, se anunciava diariamente o fim da esquerda. O mal da direita é a ausência completa de uma cultura de oposição. Vivendo quase sempre do governo, não aprendeu a viver de si mesma. Não aprendeu, principalmente, a viver contra o governo. Um novo partido (o de Santana ou o de Júdice) herdaria fatalmente os defeitos dos velhos. Não inspiraria mais confiança, nem compreenderia melhor o país. O que falta à direita não é uma "fórmula" infalível para ganhar em 2009. O que falta à direita é alguma competência e algum realismo. »

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Rupturas.

As eleições em Lisboa tiveram o mérito de ampliar os sinais de que o sistema político-partidário português está anquilosado. O PS e o PSD, que representaram, nos últimos 30 anos, entre 70% e 80% do eleitorado, alternaram-se invariavelmente no Governo sem diferenças significativas de políticas, objectivos ou metodologias. Até os aparelhos partidários se assemelham. Há apenas nuances «ideológicas», cujas fronteiras se diluem cada vez mais. Isto significa que começa a haver espaço político-eleitoral para experiências «alternativas». O pessoal sente-se agrilhoado e começa a estar disponível para partir as amarras. Não vale a pena meter a cabeça debaixo da areia: os 10% obtidos por Helena Roseta podem ter esse significado. O resultado obtido por Carmona Rodrigues, também, embora este, em princípio, represente mais um «fenómeno local», na linha de Fátima Felgueiras, Isaltino Morais ou Valentim Loureiro. Mas o «essencial» está lá: o descontentamento com o status quo partidário. O PCP e O BE não são «tubo de escape» à esquerda social. Como não o são Paulo Portas ou Santana Lopes à direita. Mas, há indícios de que se aproximam tempos de mudança se o PS e o PSD persistirem em dar mais do mesmo. E o terreno é propício à demagogia e ao populismo. Dentro de dois anos há eleições autárquicas e legislativas. Vamos ver, dia a dia, como vão evoluir os «tubos de escape», quer à direita, quer à esquerda.
(imagem: Pedro Garcia Espinosa, pintor cubano, acrílico sobre tela,121x100 cm.)

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Vila Nova de Milfontes, 2007.

Manuel Campos Vilhena brinda-nos com fotografias de sonho. Será que ali, na choupana, ao pôr do sol, há cerveja e tremoços? Se houver, então, o paraíso está ali em Vila Nova de Milfontes.

Só lhes fica bem.

Em consequência dos resultados eleitorais em Lisboa, Paula Teixeira da Cruz demitiu-se de presidente da Comissão Política Distrital do PSD. Também o líder da distrital de Lisboa do CDS-PP, António Carlos Monteiro , vai hoje apresentar a sua demissão. Este é um exemplo que o presidente da concelhia de Lisboa do PS nunca seguiu, mesmo depois da derrota eleitoral de João Soares (eleições viciadas?) e de Manuel Maria Carrilho.

Cavaco no meio, como sempre.

Leio o Público de hoje e sou informado que “Sectores cavaquistas do PSD deixam cair Marques Mendes da liderança do partido», concretizando as consequências, acrescenta o jornal: “Dificilmente Marques Mendes conseguirá assegurar a sua reeleição à frente do PSD”. Folheio o Diário Económico, também de hoje, e leio, com chamada de primeira página, que outros sectores cavaquistas apoiam Marques Mendes: «Relvas quer Mendes no PSD até 2009», e concretiza:«Alexandre Relvas, ex-director da campanha presidencial de Cavaco Silva, a quem chamou o seu “Mourinho”, coloca-se assim ao lado do actual líder do PSD, e defende que o partido deve dar o seu total apoio “para consolidar uma alternativa ao PSUns para um lado, outros para outro. E Cavaco no meio, como sempre.

Lisboa pelintra.

O Jumento chama a atenção para a Lisboa cada vez mais pelintra, e um dos exemplos é que «o Terreiro do Paço parece o parque de campismo de Monte Gordo». Passei por lá no Domingo e fiquei de boca aberta. A comparação com o parque de campismo de Monte Gordo é ajustada. Mas, aquele abarracamento pelintra albergou, durante o fim de semana, a Festa da Diversidade, e o meu camarada José Leitão escreveu que «É positivo que a Câmara Municipal de Lisboa tenha disponibilizado um espaço tão rico de significado como o Terreiro do Paço para a sua realização contribuindo para dar visibilidade à diversidade e ao cosmopolitismo que caracterizam Lisboa cada vez mais.» Com todo o respeito pelo evento, cosmopolitismo? Aquele abarracamento naquela praça? Terceiro-mundismo é o que é.

Silêncios.

Será que o silêncio de Santana Lopes tem a ver com isto? Aguarda os dados que lhe permitam tomar uma decisão?

terça-feira, 17 de julho de 2007

Na Assembleia Municipal?

Oiço a SIC Notícias e pasmo. Paula Teixeira da Cruz reuniu a comissão política concelhia de Lisboa do PSD nas instalações municipais onde funciona a Assembleia Municipal de Lisboa, no Fórum Roma. Na utilização deste espaço municipal para a reunião partidária usou, naturalmente, o seu estatuto de presidente da Assembleia Municipal. Inicialmente a reunião estava marcada para a Rua da Junqueira, na sede da dita concelhia, o local apropriado, onde à hora prevista a comunicação aguardava os «comissários». Paula Teixeira da Cruz trocou-lhes as voltas e, para isso, usou um espaço municipal. Vamos ver se o pessoal do costume, tão profícuo na critica aos abusos de poder, fica em silêncio.

Boa disposição.

Acordar assim depois de ter votado Telmo Correia não deve ser tarefa fácil. É preciso ter muitas qualidades.

Noção de responsabilidade à flor da pele (2).

Santana Lopes deve estar a tomar calmantes para conseguir manter o silêncio. Já vai no segundo dia.

Noção de responsabilidade à flor da pele.

Paula Teixeira da Cruz , após reflexão sobre os resultados eleitorais e o balanço de dois anos de mandato na Câmara de Lisboa de Carmona Rodrigues e, ela própria, à frente da Assembleia Municipal e da concelhia de Lisboa do PSD, entendeu responsabilizar apoiantes de Menezes pela crise no PSD em Lisboa. E isto é só o começo de uma grande noitada.

Coerência.

Há vereadores eleitos para a Câmara de Lisboa que, por razões de coerência com a imagem que propagandearam durante a campanha, vão certamente recusar a mordomia de carro e motorista e solicitar bicicletas para as suas deslocações ao serviço dos lisboetas. Senão ainda lhes chamam demagogos e populistas. E faltam dois anos para as próximas eleições.

Mudasti, mudasti...

O Cinco Dias perdeu o ar certinho, cinzento e intelectual. Está cada vez mais solto e irreverente. E tudo graças à Fernanda Câncio.

Vento de Leste.

Os efeitos: «O crescimento da economia chinesa nos doze meses até Junho foi de 11,1%, de acordo com as estimativas de 23 economistas contactados pela agência Bloomberg.»
(Jornal de Negócios), 17.07.07.
As causas: «O capataz da primeira fábrica de tijolos chinesa onde foram encontrados escravos este ano, Zhao Yanbing, foi condenado à pena de morte por ter assassinado um dos trabalhadores, informou hoje a agência estatal Xinhua. Zhao era um dos encarregados de comandar os escravos na fábrica de Hongtong, na província de Shanxi, no norte do país. Ele foi declarado culpado de espancar até a morte um dos operários, deficiente, como punição por ele não ter trabalhado "o bastante".»
(Notícias Terra, 17.07.07).

Hoje, depois das eleições, não retiro uma vírgula.

Um laboratório chamado Lisboa. Um laboratório chamado Lisboa (2). Um laboratório chamado Lisboa (3).

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Verdades que atravessam o tempo*.

(*)

Ler os outros.

Atenção: Eduardo Pitta previne-nos que vem aí a «estilização da própria imagem felina da parte frontal do veículo [a qual configura] um apelo directo à violação do direito à segurança e integridade física dos cidadãos utentes das infra-estruturas rodoviárias.» O facto de tal anúncio utilizar «a imagem felina da parte frontal do veículo», evidenciando «os traços antropomórficos ou zoomórficos dos faróis dianteiros», evoca «sem qualquer ambiguidade um olhar ameaçador

Coisas simples.

Como todos deviam saber, o facto de se ser arguido num qualquer processo não significa que se tenha cometido algum crime. Nem mesmo o facto de se ser acusado significa isso. O ministério público é o ministério público e, num Estado de Direito, só aos Tribunais está conferida a competência de julgar e, em consequência, condenar ou não condenar. Tudo isto é elementar. A pergunta que eu coloco, neste momento, é a seguinte: no caso de, até à próximas eleições autárquicas, Carmona Rodrigues não ser acusado no chamado «caso Bragaparques» ou, sendo acusado, venha a ser absolvido por quem tem a competência para o julgar – os Tribunais –, Marques Mendes, Francisco Louçã e Sá Fernandes terão cara para sair à rua? Desaparecem definitivamente da vida política portuguesa? Ou sentirão, ao menos, vergonha de se cruzarem com os seus concidadãos? Na moralização da vida política portuguesa é tã indispensável combater a corrupção, como o terrorismo demagógico. Ambos são perniciosos na mesma medida.

«Lisboetas» do Alandroal...

Na noite eleitoral de ontem, em Lisboa, há a registar um facto significativo (a juntar ao nível de abstenção): a mobilização em vários pontos do país de «figurantes» que, em excursões, vieram a Lisboa fazer a «festa» da vitória socialista. Pelos vistos, por cá ninguém estava disponível para celebrações. E, quando assim é, o melhor é perceber os motivos e não tentar disfarça-los. Normalmente, dá maus resultados.

domingo, 15 de julho de 2007

Previsões.

Visão de futuro e a sintonia com o eleitorado.

Eleições em Lisboa, primeiras consequências.

Sem prejuízo de outras reflexões mais apuradas, sobretudo ao nível da «sustentabilidade» do actual sistema político-partidário, as consequências políticas imediatas são uma derrota dos opositores do governo. Paulo Portas e Marques Mendes enterraram-se, literalmente. O PCP e o Bloco baixaram as suas votações, em termos percentuais, em relação a 2005. Todos eles concentraram sobre o governo as suas baterias, tanto ou mais do que sobre Lisboa, pelo que é natural retirar esta ilação. Poder-se-á, em boa verdade, dizer que o PS não obteve nenhuma vitória (apesar de ter ganho a câmara da capital), mas a derrota dos opositores foi tão flagrante que se traduz numa vitória.

Eleições em Lisboa, detalhes.

José Sá Fernandes baixou a sua votação em 1% em relação a 2005. Terá significado?

Eleições em Lisboa, resultados finais.

PS - 57 907 - 29.54% - 6 Mandatos. Carmona - 32 734 -16.70% - 3 Mandatos. PPD/PSD - 30 855 - 15.74% - 3 Mandatos. Roseta - 20 006 - 10.21% - 2 Mandatos. PCP-PEV - 18 681 - 9.53% - 2 Mandatos. B.E. -13 348 - 6.81% - 1 Mandato CDS-PP - 7 258 - 3.70% - -----

Eleições em Lisboa, novo ciclo.

As eleições em Lisboa, à primeira vista, «mataram» o CDS-PP de Paulo Portas e deixaram «moribundo» o PSD de Marques Mendes. Mas, sobretudo, demonstraram que o «sistema» político-partidário está doente. Avizinha-se um novo ciclo. Quem assim não entender vai na água do banho.

Eleições em Lisboa, partidos.

Os resultados obtidos nestas eleções pelas candidaturas «independentes» - sobretudo Carmona Rodrigues, mas também de Helena Roseta -, bem como a percentagem da abstenção, são um sintoma de que os partidos políticos, sobretudo o PS e o PSD , têm muitos assuntos para reflexão.

Eleições em Lisboa, PSD (2).

Quem falará primeiro no PSD: Santana Lopes ou Marques Mendes?

Eleições em Lisboa, Paulo Portas (2)

Paulo Portas vai hibernar, segundo as suas últimas declarações.

Eleições em Lisboa, «lisboetas».

Excursões de lisboetas de vários pontos do país estão a ser entrevistados à porta do hotel Altis. Um carro do partido trouxe o pessoal do Alandroal...

Eleições em Lisboa, Telmo Correia.

Telmo Correia, perante a derrota, meteu a cabeça no cepo, demitindo-se de todos os cargos de modo a permitir o prolongamento da agonia de Paulo Portas.

Eleições em Lisboa, PSD.

Com os resultados reais, neste momento, é possível constatar que, provavelmente, se o PSD tivesse recandidatado Carmona Rodrigues podia ganhar estas eleições.

Eleições em Lisboa, o cavalo de Tróia.

Conhecidos os resultados de 25 Freguesias, é possível fazer a leitura de que Helena Roseta serviu perfeitamente os interesses do PS ao conter qualquer crescimento do PCP e do BE.

Eleições em Lisboa, bairros históricos.

Resultados reais nas 7 freguesias (Bairros históricos) já apuradas: Carmona Rodrigues entrou pelo eleitorado tradicional do PCP.

Eleições em Lisboa, Paulo Portas.

Tal como Marques Mendes, Paulo Portas tem o seu destino político traçado (aliás, já estava, mas esta noite foi feita a demonstração matemática).

Eleições em Lisboa, vencedores e derrotados.

Vencedores: António Costa, Carmona Rodrigues e Ruben de Carvalho. Derrotados: Fernando Negrão, Helena Roseta e Sá Fernandes e Telmo Correia.

Eleições em Lisboa, Marques Mendes.

O seu destino político está traçado (aliás, já estava, mas esta noite foi feita a demonstração matemática).

Eleições em Lisboa, PCP e BE.

O BE perdeu a sua principal aposta: ultrapassar o PCP.

Eleições em Lisboa, Carmona e Roseta.

Parece que os lisboetas acreditam mais em Carmona Rodrigues do que em Helena Roseta. Esta devia meditar no assunto.

Eleições em Lisboa, Carmona e Sá Fernandes.

Parece que os lisboetas acreditam mais em Carmona Rodrigues do que em Sá Fernandes. Este devia meditar no assunto.

Eleições em Lisboa, o vencedor anunciado.

A vitória do PS e de António Costa, em Lisboa, é significativa. Por dois motivos: primeiro, porque todos os dirigentes partidários - Jerónimo de Sousa, Marques Mendes, Francisco Louçã e Paulo Portas apelaram aos lisboetas para penalizarem o governo nestas eleições. Isso não aconteceu, apesar do aumento da abstenção; segundo, o partido socialista sózinho só em 1976, há 31 anos, tinha ganho a Câmara de Lisboa. Acrescem outros dois factores: o PS sobe significativamente em relação à eleições autárquicas de 2005; parece que vai acontecer o pior resultado de sempre da direita em Lisboa.

Eleições em Lisboa, abstenção.

A abstenção vai ser um dos grandes temas desta noite eleitoral. O sol e a praia, o descontentamento e o desencanto com a política e os políticos, a falta de propostas motivadoras para a cidade e o anúncio antecipado (através das variadas sondagens) de um vencedor constituem algumas das explicações. No entanto, o termo de comparação mais próximo é o acto eleitoral para a Câmara de Lisboa, em 1997. Nestas eleições, o candidato vencedor – João Soares – estava anunciado e o partido socialista governava. A abstenção em 1997 foi de 51,71%.

Optimismo luso.

- Eleições em Lisboa a 15 de Julho é muito mau. Muitas pessoas estão de férias. - Mau? Se fosse a 15 de Agosto era muito pior.

Eu voto!

Há quem, em actos eleitorais, se abstenha e (ou) faça apelos à abstenção. É, também, uma forma de participação democrática. Pela minha parte, acredito na democracia representativa. E, por isso, sempre votei, desde Abril de 1975. Ontem à noite jantei por aqui com mais de uma centena de antigos alunos da Escola Técnica de Tavira. Revivi memórias e vi pessoas que não via há 40 anos. Hoje, apesar do tempo convidar à cerveja com carapau alimado e a um passeio à beira-mar, percorri 300 Km para vir exercer o meu direito de contribuir para escolher o próximo presidente de Câmara de Lisboa. Acredito na democracia. Mesmo imperfeita, ainda é o melhor de tudo o resto que conheço.

Será verdade ...

...que Luís Novaes Tito (Tugir) montou uma barbearia alternativa?

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Incas e Maias.

Sou um «aficionado» das culturas Inca e Maia. Por isso gostei de ver Machu Picchu (que visitei há uma década) e Chichén Itzá (onde estive o ano passado) entre as «sete maravilhas do mundo», apesar dos critérios dos «jogos florais» que tiveram o seu desfecho no estádio da Luz.

Lisboa.

Chegámos ao último dia da campanha eleitoral para as eleições intercalares em Lisboa. Está à vista de todos que a cidade nunca esteve tão abandonada e maltratada. A todos os níveis: dos espaços verdes à reabilitação urbana, da cultura à limpeza. Das finanças aos recursos humanos – um capital precioso (de conhecimento e dedicação) indispensável para «fazer» a cidade que está desmotivado e sem rumo. Este foi o resultado da gestão do PSD/CDS nos últimos seis anos. Lisboa precisa de ser tratada por quem goste de a ver bonita, por quem lhe dedique atenção e não lhe meta os cornos. Agora, neste acto eleitoral, é preciso escolher uma nova liderança e uma nova maneira de olhar e de tratar Lisboa. Nas actuais circunstâncias, António Costa é o único que tem condições de assumir e protagonizar essa mudança. Por isso, e por Lisboa, votarei na sua candidatura.

Foi assim?

Zita Seabra escreveu as suas «memórias», enquanto comunista, com o mesmo espírito com que um polícia norte-americano infiltrado num cartel da droga descreveria a sua odisseia depois de lá sair. Com duas diferença substanciais: o polícia norte-americano infiltrado foi para o cartel obrigado pelo dever profissional, enquanto Zita foi para lá de livre vontade; o polícia não estava de acordo com a actividade do cartel, enquanto Zita comungava dos ideais. «Foi assim» é, acima de tudo, um ajuste de contas de alguém que gostaria ainda de estar no partido, mas foi atirada pela borda fora. Passados estes anos ainda não digeriu a expulsão. Voltarei ao assunto.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Ler os outros.

«O Público passa-se...», escreve Inez Dentinho (Geração de 60).

Eles têm encontro marcado.

O «Avante» de hoje concentra-se no «25 de Abril sempre, fascismo nunca mais». Octávio Augusto, membro da Comissão Política, escreve sobre a Deriva autoritária; José Casanova disserta sobre Profissão: bufo; enquanto Jorge Cordeiro nos fala em Sinais inquietantes. Sinceramente, sem ponta de ironia ou, penso eu, de demagogia: nos últimos 33 anos não tinha assistido a uma desorientação política e programática da direita tão evidente; a uma capitulação (direi mesmo, decomposição) total da direita à política e ao programa dos comunistas. Até o cartaz do PSD «Não tenha medo» parece ter sido concebido no «Hotel Vitória». Uma coisa é o dever cívico de vigilância democrática; outra, bem diferente, é a rendição programática e ideológica aos arautos dos «amanhãs que cantam». A direita queixa-se da preponderância da cultura comunistas na sociedade portuguesa, mas é a primeira a servir de tapete a essa cultura.

Manifestações.

Neste momento, desce a Rua de S. Bento, uma animada manifestação da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública. À frente, dois cabeçudos – um, o Sócrates; outro, o Cavaco, naturalmente. Depois, um grupo de bombos em rítmica batida. A seguir, os manifestantes, com cornetas, guizos e apitos desfilam em festa, e gritam: «25 de Abril sempre, fascismo nunca mais». Sem qualquer ofensa aos manifestantes, coitados, debaixo deste sol inclemente, eles não percebem que estão apenas a cumprir a sua parte no ritual da democracia. Já não há manifestações a sério, como antigamente: de luta e descontentamento. Manifestações que abanavam o sistema. A classe operária quase não existe, o PCP está moribundo e, como diria o outro, eu próprio já não me sinto muito bem.

Boiar, como a cortiça.

O senhor Presidente da República declarou, hoje, que «Talvez alguns agentes de poderes públicos devam ter cuidado com as suas atitudes», tendo de imediato acrescentado, para que não fosse mal interpretado, que o que acabara de declarar se aplicava também: «aos partidos da oposição e aos cidadãos em geral». Mas, apesar da advertência, não deixou de:«assegurar aos portugueses que as instituições funcionam de acordo com as regras da democracia». O problema não reside nas declarações do senhor Presidente, as quais não me espantam. O problema é que eu leio diariamente muitos dos que nele votaram. Leio o que disseram durante a campanha eleitoral para as presidenciais e leio-os agora. E divirto-me. São pequenos prazeres que levamos desta vida.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

E o que é que nos vão propor a seguir...

O ataque aos partidos políticos já começou? O que se segue? A constituição dos «movimentos de cidadãos» em partidos políticos?; melhorar os partido políticos existentes a partir da «boa vontade» dos «cidadãos» organizados à volta de «independentes», sobretudo daqueles que sempre foram militantes de partidos políticos? Ou, mais simples, acabamos com os partidos políticos existentes para deixarmos tudo entregue a um «iluminado» ou uma «iluminada» que, tal como outras figuras da nossa história, não querem nada a não ser o bem-estar do «povo»?.

Cargos de confiança política e afins.

A propósito deste post de Vital Moreira lembrei-me de uma pequena história. Em finais da década de 90 jantei em Santo Domingo, capital da República Dominicana, com vários eleitos municipais, entre eles a viúva de Peña Gómez, a segunda da lista do partido vencedor, em véspera da tomada de posse. A conversa versou, naturalmente, sobre políticas autárquicas. Qual o orçamento geral da Alcaldia; quais as principais áreas de intervenção e os seus custos e por aí fora. Quando chegámos aos Recursos Humanos, foi perguntado qual o número de funcionários municipais. A resposta foi rápida: para já zero. Como assim? Resposta: todos os trabalhadores municipais, sejam dirigentes ou trabalhadores da recolha do lixo, sejam administrativos ou especialistas terminam o seu contrato de trabalho no dia das eleições. O novo Alcalde eleito recrutará, após a tomada de posse, todos funcionários municipais por 4 anos, tantos quanto dura o seu mandato. Ou seja, todos os funcionários municipais da alcaldia de Santo Domingo são (eram, pelo menos, há oito anos) escolhidos por critérios de confiança política (e partidária, acrescento eu). Ora, não é necessário levar ao extremo, com o exemplo dominicano, para se perceber que a confiança política se deve limitar efectivamente a cargos dos quais depende a boa execução das políticas governamentais. E estes são poucos, muito poucos. E não chega, certamente, ao chefe de um posto médico. Porque se entramos em conversa fiada ainda concluiremos, tal como em Santo Domingo, que um trabalhador da recolha do lixo que seja da «oposição» pode, em vez de limpar zelosamente as ruas, emporcalhá-las e prejudicar as «políticas municipais». Haja bom senso!

Interesses.

Marques Mendes volta à carga com o jogo de interesses. Qualquer dia ainda o apanham a fumar... Outro tema maldito para meter debaixo do tapete.

Finalmente...

Estava preocupado com a votação em Telmo Correia. Para além de Paulo Portas e, hoje, na SIC Notícias, Nuno Melo, ainda não me tinha «cruzado» com alguém que declarasse ir votar em Telmo Correia. Afinal, as sondagens estão próximas da realidade. Já me esquecia: a forma de acordar exerce uma grande influência sobre o modo de olhar o mundo. A Brigitte Bardot também deve adorar o Ruben... e o Ruben também devia gostar de viver em Saint-Tropez.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Calamidade pública...

« ... a certas pessoas deve fazer muita confusão que seja possível tanta mulher engravidar sem o desejar. Ou talvez lhes faça confusão tanta mulher engravidar. Ou talvez lhe faça confusão haver homens que engravidam mulheres. Ou que há homens que fazem filhos. E - ó mente perversa!-, dou comigo a perguntar aos meus botões se este tão grande transtorno, esta fúria despropositada, é realmente dirigida às mulheres que fazem abortos, ou aos homens que as engravidam.»
Cristina Vieira (Contra Capa)

À atenção dos organizadores da Festa do Avante.

O Francisco, sempre atento, chama a atenção para uma entrevista de José Saramago, em Bogotá, ao jornal El Tiempo. E destaca o alerta de Saramago sobre a «tentação totalitária» da esquerda latino-americana. Francisco, se me permites, eu chamo a atenção, na mesma entrevista, para o que Saramago disse das Farc – os «guerrilheiros» que estiveram a convite do PCP na Festa do Avante: «Há (...) guerrilheiros, que em princípio, suponho, tiveram ideais para mudar alguma coisa mas que degeneraram em sequestradores, narcotraficantes, e o pior é que não saberão viver de outra forma.» Sublinho o elucidativo «suponho»...

Ópera bufa.

No dia 4 de Maio, sexta-feira, dois dias depois de Marques Mendes ter «demitido» Carmona Rodrigues da presidência da Câmara de Lisboa, e no dia seguinte à conferência de imprensa em que Carmona, em resposta, afirmou não «abandonar o barco», o Semanário escrevia, em título: «Júdice convidado para presidir à entidade que vai gerir a zona ribeirinha Santa Apolónia – Ajuda» e como antetítulo: «Sócrates vai criar agência que retira poderes à Câmara Municipal e ao Porto de Lisboa». A notícia caiu em saco roto: não aqueceu, nem arrefeceu ninguém. Nem à direita, nem à esquerda; nem entre futuros candidatos, nem entre comentaristas. Nenhuma boca, que me recorde, deu um suspiro. Hoje, nos derradeiros dias da campanha eleitoral, o DN (num golpe de memória do jornalista) publica a notícia requentada, após um telefonema a Júdice. O DN nem sequer escamoteia o facto do convite ter sido feito há 4 meses. Mas foi o suficiente para ser a notícia do dia. Agora, todos os candidatos criticaram o convite do Governo a José Miguel Júdice. A campanha eleitoral em Lisboa é um palco de mesquinhas lutas políticas e pessoais que nada têm a ver com a cidade. E Lisboa vai pagar por isso. É apenas uma ópera bufa.

a gastronomia é uma arte.

A Isabel, pelos vistos, foge a sete pés da arte gastronómica; enquanto o Eduardo, como bom gourmet, e para não desfazer a cadeia, sugere requintados pratos de Verão. Gosto mais de cozinhar do que «comer fora», mas cozinhar exige 3 requisitos: a) tempo, todo o tempo necessário (nada pior do que o lume forte porque se está com pressa, por exemplo); b) «trabalhar» com produtos de qualidade e, de preferência, frescos (usar num refogado umas lascas de toucinho de porco preto adquirido num talho não é o mesmo do que usar um toucinho que se retira de uma embalagem de plástico, «fechada em vácuo, sem corantes, nem conservantes»; c) não ser uma obrigação, mas um prazer: cozinhar só pode ser encarado como criar uma obra de arte, como pintar uma tela, como tocar saxofone. Ou, porque não, como quem faz amor. Posto isto nestes termos, avanço para as minhas últimas refeições. No Domingo, o almoço foi no Afonso, em Mora. Um arroz de lebre que fica na memória durante semanas. Regado com Quinta do Carmo reserva 2001. À noite, em casa, um daqueles pratos que me saem sempre bem: pargo no forno com ervas aromáticas (Não se deixem levar por essa «etiqueta politicamente correcta» do vinho tinto para a carne e do vinho branco para o peixe. Há vinhos tinto que o peixe e o paladar agradecem). Na segunda-feira, um almoço de trabalho no Solar dos Nunes, na Rua dos Lusíadas: para além da entrada – salada de fígado de porco preto – um ensopado de eirózes à Porto Alto. À noite, o melhor bife de Lisboa, no Café de S. Bento. Aqui, o Marquês de Borba fez as honras da casa. Hoje ao almoço, de novo em casa, o prato que todos os meus amigos me dizem quando os convido: não é outra vez ervilhas com ovos escalfados? Mas as «minhas» ervilhas com ovos escalfados têm um requinte: a água para a cozedura é substituída pelo caldo de uma farinheira. E pronto. Não comer muito é uma coisa, mas comer mal é outra. De qualquer forma, continuo a seguir o sábio conselho da minha mãe: quem não é para comer, não é para trabalhar.

Citação: As insinuações e o descrédito da política.

«Os últimos dias de campanha para a Câmara de Lisboa arriscam-se a ficar manchados pelo que há de pior na política: a insinuação. Do estilo da que Marques Mendes lançou contra o n.º 2 da candidatura do PS, envolvendo o nome do arquitecto Manuel Salgado num suposto jogo de interesses em torno dos terrenos da Portela. Como presidente do PSD, Marques Mendes não pode fazer insinuações, nem ter comportamento levianos. Se tem indícios ou provas do que insinua, o mínimo que se lhe exige é que faça as acusações nos órgãos competentes antes de as fazer em público, apresente provas e explique em que se baseia. É essa a responsabilidade de quem quer ser primeiro- -ministro do País. Tudo o resto só contribui para a descredibilização da classe política.»
Editorial do DN, 10.07.07.

Trocadilhos.

O Jorge Ferreira escreve que «Só quem não sabe muito bem o valor da liberdade é que apupa a Estátua da Liberdade ». Pergunto: não foi o mesmo pessoal que apupou o primeiro-ministro?

segunda-feira, 9 de julho de 2007

O desassossego dos órfãos que sofrem pesadelos e acordam a pensar que vivem em ditadura.

O pessoal de direita não se sente lá muito bem. E com razão. Está órfão de pai e mãe, o que não é coisa fácil. E as desilusões sucedem-se vertiginosamente, umas atrás das outras. Luta desesperadamente para ver os «seus» governar Portugal, mas não lhes sai nada. É como no euromilhões: só sai aos outros. Acalentou a esperança de dias melhores quando, numa noite fria de Dezembro de 2001, inesperadamente, António Guterres bateu a asa. Mas, a sorte foi madrasta. Saiu-lhe um prémio pequeno, quase desprezível: Durão Barroso (a quem não podia perdoar o facto de ter sido, enquanto jovem, um discípulo de Arnaldo Matos e Saldanha Sanches) e Paulo Portas (que tinha sido um dos coveiro do «cavaquismo»). Do mal, o menos. E o mal seria os socialistas estarem no governo. Já antes, outros tinham engolido sapos. Não eram, pois, os primeiros. Eis senão quando o céu caiu em cima das suas imaculadas cabeças. Durão foi tratar «da vida» para outro lado e deixou a «coisa pública» entrega a Santana Lopes. Sentiram-se traídos e envergonhados. O descalabro bateu à porta de tal forma forte que deu aos socialistas a sua primeira maioria absoluta. Restava ainda uma réstia de esperança: a vitória de Cavaco Silva nas presidenciais. Cavaco – o «cavaquismo» em pessoa – meteria rapidamente os socialistas na ordem. Governaria o país. Despedia os socialistas assim que aparecesse a primeira oportunidade (Jorge Sampaio já tinha dado o exemplo ao despedir uma «maioria absoluta»). Ainda pensaram que o discurso da tomada de posse de Cavaco continha a «génese» dos seus desejos. Mas, cedo perderam o pai: Cavaco numa entrevista televisiva, disse, traduzindo para linguagem de café: «Deixem-se de merdas. O País está mal e este governo está a fazer o que é necessário». Ficaram entregues, como estão agora, a Marques Mendes e a Paulo Portas. Compreendo o desconforto. Compreendo a orfandade. Mas não precisavam de se desorientarem ao ponto de copiarem os comunistas: «aí vem o fascismo». ou «Sócrates é um ditador». Não estou a inventar, a paranóia chegou ao ponto de alguém que reclama o estatuto de jornalista escrever «Temo a falta de isenção da justiça, claramente servil ao poder político e ao ditador Sócrates.» porque a directora de um museu apresentou uma queixa-crime por se sentir ofendida contra um (ou vários) escritos do senhor. Felizmente, estamos em democracia e num Estado de direito. Temos a liberdade de apontar o dedo ao poder quando ultrapassa os limites da lei ou do bom senso - coisa que qualquer democrata deve sempre fazer - da mesma forma que uma cidadã que se sente injuriada pode utilizar os tribunais em defesa do seu bom nome ou da sua honra. Alguma direita perdeu a cabeça e, por ironia, quer ultrapassar os comunistas na treta de que o «fascismo» está aí. Mas, sejamos sinceros: os socialistas não têm culpa que a direita tenha entregue os seus combates políticos a Marques Mendes e a Paulo Portas. Ou será que têm e isto é tudo um grande «complot»?

Pequenas notícias desagradáveis para as oposições.

Citação (2).

«Também acho que devíamos eleger (sim, pela inernet, por 'sms' ou por carta) os cem livros essenciais da nossa cultura, as cinquenta canções da nossa história, os cinquenta mais belos fragmentos paisagísticos do país, os vinte filmes portugueses de sempre, os cinquenta pratos fundamentais da nossa gastronomia - tal como se votou nos cem portugueses. Sou pelas listas e pelas nomeações. Elas ajudam a que se fale das coisas que de outro modo se hão-de perder no meio da bazófia do dia-a-dia e da mediocridade da nossa cultura televisiva. » Francisco José Viegas, JN, 09.07.07. (sublinhados meus).

Citação.

«As multidões não assobiam nem aplaudem, marram.» Ferreira Fernandes , DN, 09.07.07

Bruxas...

«Veja-se o que se passou na Freguesia de Benfica, a última freguesia a ser apurada na noite das eleições. Entre os eleitores de Benfica contados pelas mesas das secções de voto e os dos números do STAPE, houve uma discrepância de 387 votos. Ora, curiosamente, a vantagem que a lista de Pedro Santana Lopes obteve nessa freguesia sobre a de João Soares foi precisamente 387 votos». (Eleições Viciadas?, João Ramos de Almeida, página 109)

sábado, 7 de julho de 2007

Diálogos absurdos.

- Está? Pedro? É sou para fazer um desabafo. - Um desabafo? Já sei que vais falar mal do governo. - E qual é o problema? - Agora não dá. Quando estiver em casa ou no café ligo-te. - Como?

Antecipando a noite de 15 de Julho.

O Eduardo acha que na noite das eleições, veremos Marques Mendes a contabilizar, por junto, «o eleitorado do PSD», ou seja, somar os votos de Carmona Rodrigues e Fernando Negrão. Sabemos que os votos em Carmona Rodrigues são votos contra o PSD, do mesmo modo que sabemos que os votos em Roseta são votos contra o PS. Mas, minutos depois, a ripostar, virá Miranda Calha somar os votos de Helena Roseta aos de António Costa. Marques Mendes não se consegue livrar do labirinto que construiu sem ter decorado o caminho de saída.

Nem tudo o que parece é, tal como nem tudo o que é parece.

A propósito deste post da Cristina lembrei-me de uma pequena história. Desde há 25 anos que, em Fevereiro, cumpro o ritual de visitar a Feira de Arte Contemporânea de Madrid. Aproveito sempre a ocasião para «passar os olhos» por outras exposições. Numa destas incursões, no final dos anos oitenta, entrei com o meu amigo Fernando no Rainha Sofia por volta da hora do almoço. Num dos pisos expunha-se a obra – pintura e instalações – de um norte-americano, cujo nome não me ocorre. Numa das salas, quase geometricamente ao centro, estava uma caixa de ferramentas, de tampa articulada, aberta. A caixa estava cheia de ferramentas. Junto à caixa, repousava um martelo, duas chaves de fendas e meia dúzias de buchas negligentemente espalhadas pelo chão. Dois casais, especados, observavam e comentavam a «obra de arte». O meu amigo hesitou: este gajo passou-se? – Interrogou-me, referindo-se ao artista. Durante meia dúzia de segundos lancei os olhos sobre as obras expostas, e respondi: - Isto não é nada. Ou é um incidente ou uma provocação. Palavras não eram ditas entrou pela sala um operário, de fato-macaco, recolheu a ferramenta espalhada pelo chão, fechou a caixa, pegou pela asa e retirou-se descontraidamente sem reparar na cara de parvos dos dois casais que procuravam disfarçar o embaraço da confusão. Na arte contemporânea nem tudo o que parece é, tal como nem tudo o que é parece.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Pequenas verdades sobre flexi-segurança.

À atenção de Carvalho da Silva e da Intersindical.

Como se prova, pela imagem acima, da EFE, reproduzida em vários blogues, há manifestações que, não só têm toda a cobertura da comunicação social, como não passa pela cabeça de ninguém discutir o número de participantes. Mais: ninguém questiona se os manifestantes são correias de transmissão de um qualquer partido comunista. É só uma questão de imaginação. «Bullfighting is Cruel»? Tudo Bem. Não há problema.

O desassossego de um homem bom que só pensa em estar tranquilo à beira mar.

Fernando Negrão é um homem bom a quem só fazem maldades. É notório que não tem o menor jeito para estas andanças eleitorais, apesar de ser um incorrigível voluntarista. E nem sequer esconde essa falta de jeito. Não foi talhado para fazer o «número» de candidato ao que quer que seja, muito menos a umas eleições autárquicas em Lisboa. Tanto lhe dá para dizer que vai fazer jardins suspensos no Largo do Rato, como fazer, com o seu ar cândido, a maior baralhação que seria possível imaginar com a EPAL, a EPUL e o IPPAR. Nunca os profissionais da política o deviam ter desencaminhado da sua toga de Juiz de Direito enviando-o para Director da Polícia Judiciária. Foi a primeira maldade que lhe fizeram. E ele, qual masoquista, tomou-lhe o gosto. Teve de se demitir do cargo por andar a revelar segredos de justiça a jornalistas, com a mesma ingenuidade com que agora, ao visitar o aterro de Vale do Forno, diz que vai transformar as águas residuais para regar as ruas da cidade (numa Câmara que nem dinheiro para regar as ruas tem) ou em visita a um centro de terceira idade diz, com ar enfastiado, que «os idosos são a sua primeira prioridade» sem ter uma única ideia sobre como traduzir isso no dia a dia. Já o tinham mandado para Setúbal, mas com uma justificação: há muitos anos que aí reside. Agora, candidato à Câmara de Lisboa? Só o desespero de Marques Mendes se lembraria de mais esta maldade. Deixem o homem tranquilo, não o convidem para «batalhas» destas porque ele, incapaz de dizer que não, aceita tudo.